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  I Encontro Internacional de Psicoterapia Institucional

Dr. Carlos Parada - Psiquiatra franco-brasileiro, DEA de História com o Prof. G. Vigarello na Ecole de Hautes Études en Sciences Sociales-Paris; Pioneiro na Clínica de La Borde e da Psicoterapia Institucional no Brasil (1987);  Residente de Psiquiatria no Hospital St. Anne-Paris;  Dez anos assistente no Centre Marmottan (toxicomania); Centro Primo Levi (assistência a vítimas de violência política e tortura). Atualmente Médico Responsável da Escola-Hospital Dia para 110 crianças com distúrbios psiquiátricos graves. Livros: Coautor do livro Como um anjo canibal: Droga, adolescentes, sociedade, 2006 ; O acolhimento, revisitado, 2007; Toucher le cerveau, changer l'esprit, 2016; Psicanalistas do Século XX – Jean Oury e Claude Olievenstein, 2019;  Toxicomania e adições: a clínica viva de Olievenstein, 2019; entre outros. Mesmo radicado na França, manteve o campo de ação que sempre inclui o Brasil.

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Dr. Philippe Bichon, psiquiatra. Convidado de Jean Oury para a Clínica de La Borde nos anos 80 estando em atividade há 38 anos e desde então expandiu seu trabalho para a Costa do Marfim. 

Côte d’Ivoire - Un village au service des malades mentaux - Documentário que será apresentado no sábado dia 17/04.

Mobilizador do "Collectif 39", movimento contra o tratamento protocolar dos sujeitos com transtorno mental como meros doentes da medicina defendido pelo Estado. 

Carlos Parada vem encabeçando um movimento importante na pandemia: A questão das "Vacina, Patentes e o Bem Comum".

Realizado!!!

Programação:

Dia 07/04  das 19h às 20h30 Dr. Philippe Bichon

Psicoterapia institucional: história e fundamentos.

O Dr. Philippe Bichon trabalha há mais de 30 anos na Clínica de La Borde, instituição criada pelo Dr. Jean Oury e o filósofo Felix Guattari. Uma ótima ocasião para conhecer por dentro esta experiência única na Europa de atendimento a psicóticos adultos. La Borde não é um modelo, a ser copiado nem reproduzido, mas é sem dúvida um belo exemplo inspirador, da viabilidade do atendimento livre da loucura articulando psiquiatria, instituição e psicanálise

 

Dia 14/04 das 19h às 20h30 Dr. Carlos Parada

Sujeito, psicotrópicos e disciplinas.

Neste segundo encontro acompanharemos a criação da ideia de tratamento psiquiátrico durante o século XX. Discutiremos como a psicanálise e o advento de tratamentos biológicos influenciaram nossa visão de diagnóstico e atendimento psiquiátrico. Qual o impacto das pretensas teorias neurocientíficas no encontro com a subjetividade em sofrimento? Mais do que um curso de história, será a ocasião para discutirmos as ferramentas teóricas e práticas do nosso quotidiano de atendimento da loucura nesse início do século XXI.

 

Dia 17/04 das 10h às 12h Ambos

Psicoterapia institucional na África.

A partir de um documentário discutiremos em forma de Workshop a riquíssima experiência do Dr. Philippe Bichon, com pacientes e familiares, na criação de um ambulatório "psiquiátrico" em uma pequena cidade da Costa do Marfim.

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A partir da organização do grupo de whatsApp para o evento em 01/04 enviaremos textos e endereços de vídeos para irmos nos apropriando do trabalho da Psicoterapia Institucional. Nos dias 07, 14 e 17 disponibilizaremos o link de acesso à sala do ZOOM, no mesmo grupo. Esse tempo de aquecimento para o evento será contabilizado para o certificado, o tempo de leitura e de visualização dos vídeos, perfazendo um total de 10h.

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Psicoterapia Institucional

           A Psicoterapia Institucional baseia-se em múltiplos trabalhos e constata que um esquizofrênico, num meio fechado, tende a assumir atitudes, por vezes, estereotipadas, como uma espécie de reação ao meio. Trata-se de uma "doença de hospital". A Psicoterapia Institucional apresenta, justamente, um conjunto de procedimentos para enfrentar os efeitos da hospitalização. (...)

            (...) Os elementos terapêuticos nesse caso são o acolhimento, o ambiente, a relação entre as pessoas e o tratamento psiquiátrico (psicanalítico), o âmbito coletivo, enfim. O direito de cada um é assegurado. O tratamento persegue um processo terapêutico pessoal.

 

História       

“Noite e Neblina”[1] decreto de Adolf Hitler [2]: “Àqueles que resistissem ao regime alemão nos territórios ocupados pelos nazistas, estes deveriam ser detidos e deportados para os campos de concentração na Alemanha”.

 

            Nesse cenário, Tosquelles, Oury, no Hospital Saint Alban diante da contingência da guerra viveram e transformaram a segregação. Lembrando que antes dos ciganos, judeus ou comunistas, foram os doentes mentais que sofreram o extermínio. Na França, cerca dos 40%  doentes morreram de fome durante a ocupação alemã. Saint Alban, sobretudo, tornou-se um lugar de resistência e uma rede protetora dos fugitivos e dos insurgentes. Desta feita, a abertura dos portões foi inevitável à sobrevivência dando origem à uma estrutura hospitalar que se viu transposta, conectada com o entorno tornando-se local de trânsito, encontros e movimentação.

 

           O termo Psicoterapia Institucional,  nomeado por Georges Daumezon, em 1952 e consagrado na diástase psiquiátrica iniciada por Tosquelles e Oury, traduz a  Instituição (dispositivos de saúde mental) como "espaço que faz grupo ou o próprio grupo que se constitui a partir de repetições ou de frequentações repetitivas" [3]. Além disso, é imprescindível às pessoas que fazem parte dele, tanto profissionais quanto doentes, uma terapia que abranja a todos.

 

           Logo, a psicoterapia institucional aborda a instituição em seu conjunto e a necessidade de ser tratada em amplo âmbito.  Consiste em uma reestruturação radical dos espaços de saúde mental, onde os pacientes participam ativamente da administração do estabelecimento e sua terapêutica. Até hoje a Clínica La Borde perdura como referência desde sua fundação, em 1953, por Jean Oury que enlaçou a psicanálise com a nova política de compreensão e prática das psicoses pensadas no interior da Psicoterapia Institucional.

 

          Será neste contexto que Carlos Parada e Philippe Bichon, psiquiatras, trarão as experiências de seus trabalhos desde La Borde, da Costa do Marfim, Centro Marmottan e outros a partir das formas de alienação e os modos de reatividade face aos insuportáveis da vida.

Notas

[1]  Jairo Goldberg - Portas Abertas: De médico e de louco.  Teoria e Debate; 15ª Edição; 1991.

[2] “Nacht und Nebel”

[3] Após longa consideração, é a vontade do Führer que as medidas tomadas contra os culpados de crimes contra o Reich ou contra as forças de ocupação nas áreas ocupadas sejam alteradas. O Führer é de opinião que, em tais casos, a servidão penal ou mesmo uma sentença de trabalhos forçados para a vida será considerada um sinal de fraqueza. Uma dissuasão eficaz e duradoura só pode ser alcançada com a pena de morte ou com a adoção de medidas que deixem a família e a população em dúvida quanto ao destino do agressor. A deportação para a Alemanha serve a esse propósito. Heinrich Himmler 07/12/1941

[4] Félix Guattari.

Este evento destina-se a todos profissionais da Saúde, Educação, Assistência Social do serviço público ou privado que tenham interesse de conhecer uma outra maneira de trabalhar com seus pares na relação com o outro que demanda cuidado.

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          Nossos agradecimentos a Carlos Parada e Philippe Bichon que portadores de  riquezas intelectuais, adquiridas ao longo de percursos que deram relevo às relações humanas, mas sem detrimento à técnica e aqui exerceram a função social do conhecimento: a transmissão.

          Homens que honram a psiquiatria pelo rigor teórico, mas "sem perder a ternura", resistência em um "zeitgeist" que privilegia o capital, a industrialização da medicina e toda a ciência excludente da nossa humanidade.

          Esse evento foi, e continuará sendo, um oásis na aridez do discurso vigente no nosso país, segregador da diferença, dos vulneráveis e fomentador de desvalidos.

          Também, iluminada a presença de Frédérique Drogoul, psiquiatra em La Borde, do Médico Sem Fronteira, que junto com Bichon nos apresentaram a atividade na Costa do Marfim exercida com a mesma responsabilidade, leveza no insólito cuidado aos doentes mentais.

          Um Encontro de encontros.

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