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O Ofício de Psicanalista

   A psicanálise, desde os primórdios, é um método de investigação do sofrimento humano e seus efeitos. A própria atitude de Freud diante das dificuldades encontradas ao longo do processo de elaboração da psicanálise o levou a aprender continuamente com sua prática, o que conferiu a esta a característica de estar em permanente transformação e expansão. Assim, surge o modelo de pesquisa em psicanálise: o diálogo permanente entre a teoria e a clínica.

 

   Esse dispositivo tem por finalidade a exposição do relato clínico de analisantes por analistas e analistas em formação, diante de seus pares, com o propósito de ampliar e sedimentar a teoria, não de forma dogmática tentando justificar a escuta, mas como lugar de questionamento da própria prática.

   Freud não escreveu um manual de técnica, seus textos técnicos estão longe de ser classificados como tal. No entanto, a escrita de seus casos nos põem em movimento constante, sempre descobrindo algo a mais em cada leitura e discussão. Esse dispositivo tem por intuito nos fazer trabalhar a cada palavra, frase, sonho de forma singular e não de consumi-lo e/ou reduzi-lo a uma universalização da ordem médica. 

   O trabalho analítico, seu registro e seu relato revelam a particular forma como o analista foi capturado na narrativa histórica do analisante. A problematização, os interrogantes, as hiâncias, os tropeços da clínica servem de argumentos para o trabalho do analista ante o inconsciente que se manifesta em dois ponto: de um lado o de quem fala e de outro o de quem escuta. Nesta intersecção surge o desencontro sempre presente ante qualquer encontro. É justamente aí que o lugar da clínica propicia a transmissão e circulação de saber.

   Se cabe ao analista a destituição do imaginário que leva ao sofrimento o analisante. A clínica oferece, também, a possibilidade de emergir resíduos imaginários do analista que obtura a escuta clínica. Assim, não se pode falar da escuta das formações inconsciente sem levar em conta também o psiquismo do pesquisador. Este fato tanto pode contribuir para elucidar os fenômenos quanto para ocultá-los. A análise de controle serve justamente para volatizar o que for possível.

   A escuta de um analisante faz do analista um clínico e um investigador, ao intervir, ao construir uma teoria na própria prática. Assim como, instiga a inventividade em cada caso e, consequentemente, descortina o estilo.

Consultório de Lacan
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           Encontro Clínico acontecerá uma vez ao mês para os             membros da instituição em formação permanente.

Nas terceiras segundas-feiras de cada mês.

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